As dores nos membros inferiores
em corredores podem ter várias causas: musculares, tendinosas e/ou ósseas. A
síndrome de estresse do tibial medial, popularmente conhecida como periostite
medial de tíbia ou Canelite, é uma inflamação do principal osso da canela, a
tíbia, ou dos tendões e músculos da tíbia, podendo se tornar fratura por
estresse. É uma queixa comum em atletas, principalmente aqueles que costumam
correr médias e longas distâncias. Além da corrida essa síndrome pode estar
presente em outros esportes que envolvam o ato de pular, sendo os pousos e
decolagens em superfícies duras, a principal causa da dor. A Canelite é
caracterizada por dor na região anterior da perna que inicialmente ocorre
durante o exercício e melhora após algumas horas, evoluindo para dor
persistente mesmo com a cessação da atividade, podendo dificultar até o andar
de forma lenta. Inicialmente ocorre uma inflamação no periósteo (fina camada
que recobre o osso) e estruturas adjacentes como músculos e tendões da perna,
podendo evoluir para micro fissuras no osso e até promover uma fratura por
estresse caso o individuo não pare de correr.
Dentre os fatores de risco para o
aparecimento da Canelite, podemos citar;
- Aumento excessivo no volume
e/ou intensidade de treinamento, como também treinamento sem orientação de um
profissional de educação física.
- Pessoas iniciantes no esporte
ou que mudaram de atividade recentemente.
- A fraqueza dos músculos dos
membros inferiores, como também a falta de alongamento dos músculos da panturrilha.
- Pisos duros e compactados como
concreto e asfalto devem ser evitados, dê preferência a grama ou pisos de
terra, evite também terrenos acidentados. Concreto é seis vezes mais severo
para os seus tecidos da tíbia do que o asfalto. O asfalto é três vezes mais
severo do que a terra batida. A grama é ainda mais macia, e diminui
significativamente o risco de inflação na região da tíbia.
- Pés hiperpronados e
hipersupinados.
- Correr inclinando o tronco para
frente além de 5º.
- Mulheres na menopausa.
- Tênis inadequado para o seu
tipo de pisada.
O diagnóstico exato da lesão é
feito pelo médico, a fim de excluir a possibilidade de ser uma fratura por
estresse. O relato da história clinica como também o exame físico é de
fundamental importância para o diagnóstico. Caso o médico suspeite da fratura
por estresse, a radiografia convencional é o primeiro exame a ser solicitado.
O tratamento é feito através de:
- Correção de qualquer condição
estrutural com o uso de calçados e caso necessário, palmilhas personalizadas
para o pé.
- Modificação da atividade,
evitando-se as corridas e os saltos por aproximadamente 10 dias. Durante esse
período o condicionamento cardiorrespiratório deverá ser mantido através de
exercícios na piscina com flutuador, como também no ciclo ergômetro.
- A Crioterapia (gelo) e o TENS
(estimulação elétrica trans cutânea) podem ser usados objetivando a analgesia
local.
- Exercícios de alongamento para
musculatura posterior da perna (Panturrilha).
- Com a regressão dos sintomas,
devem-se iniciar de maneira progressiva, os exercícios de fortalecimento para
toda musculatura que envolve a articulação do tornozelo (tibiais, fibulares e
tríceps sural).
- Assim que o atleta estiver
assintomático, pode-se iniciar o trote/corrida sobre a grama, por
aproximadamente 20 minutos, com uma progressão de 10 a 15 semanalmente. É
importante ressaltar que o mesmo já deverá estar adaptado ao tênis, caso seja
portador de algum problema estrutural.
Algumas medidas devem ser
adotadas na prevenção da canelite, dentre elas podemos destacar:
- Uso do tênis correto. Adequado
ao seu tipo de pé e com amortecimento também na parte anterior. O uso de uma
palmilha de silicone pode ajudar.
- Alongue antes da corrida, e
mais uma vez depois do aquecimento.
- Aquecer. Informe ao seu corpo
que ele será sobrecarregado. Pode-se usar meias de cano longo para ajudar no
aquecimento.
- Não corra com dor nem em
excesso. Respeite os sinais do corpo.
- Aumento gradual no volume ou
intensidade do treinamento (não aumentar mais que 10 à 15 semanalmente). Não
faça treino de velocidade prematuramente.
- Caso cometa um erro no
treinamento e sinta dor na canela, coloque gelo, tome antiinflamatórios não
esteróides e não cometa o mesmo erro novamente.
- Faça musculação. Músculos
fortes diminuem o impacto sobre ossos e articulações.
- Corra em superfícies adequadas.
Dica: Aos primeiros sinais de
dores na região anterior da perna, procure um profissional para uma completa
avaliação e o correto diagnóstico e tratamento, só assim você terá condições de
realizar suas atividades esportivas sem maiores complicações.
Fonte: Evaldo Darcy Bosio Filho -
São Paulo/SP e Erodiana Freitas Naves - Belo Horizonte/MG
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